domingo, 22 de outubro de 2017

a) Enunciado (o mais fiel possível conforme observado):
“Já sabes? A minha vizinha virou maluca”.
“Ouvi que tem mais uma de Benguela”.
“Isso até
‘tá a dar medo”.
“Conheço uma miúda, não é bonita nem nada, tem um [Hyundai] i10. É samba”.
“Estão a pisar grandes máquinas”.
“Tipo nada, os kotas estão a largar”.


b) Enquadramento:
A ideia principal resume-se aqui: “Conheço uma miúda, não é bonita nem nada, tem um i10. É samba”. Há uma crença entre os Ovimbundu na existência de força sobrenatural para atrair homens, num estilo de vida intensamente promíscua com fins materialistas. Esse poder chama-se “samba”.

Sendo a existência do feitiço indiscutível, vale acrescentar que a sua essência é o status: acumular bens, chegar ao poder, manter-se no trono, proteger-se. Em
algumas comunidades, a tendência é masculinizar o feitiço (“umbanda”), sendo “oganga” o homem (que pode chegar a matar, porstatus ou por inveja) e “ocilyangu” a mulher (que supostamente anda fora de hora a dançar nua à porta de quem quer na desgraça). Quem recebe "samba" recebe “umbanda”, embora seja uma categoria mais leve.

Voltando ao diálogo, na percepção de beleza enquanto moeda, só as mulheres que completam os estereótipos (a tal beleza aparente) merecem ostentar bens, já que, “tipo nada, os kotas estão a largar”. Logo, para uma miúda que “não é bonita nem nada” ter um carro, só pode ser porque recorreu ao feitiço para iludir clientes com um charme que não possui. E, algo cíclico, começam a espalhar-se
informações sobre raparigas que alegadamente enlouqueceram porque o feitiço expirou, ou porque não teriam cumprido os preceitos do kimbanda.
c) Impressão final:
Ao mesmo tempo que me revi parcialmente no diálogo, por este representar repúdio à ascendente degeneração das relações humanas, onde adultos endinheirados corrompem raparigas com idade para suas filhas (ou mesmo netas), não deixei de sentir uma ponta de tristeza; aqueles lavadores de carros demonstraram estagnação quanto à visão de mobilidade social. Em nenhum momento se referiram a alguém (“feia” ou “bonita”) que tenha carro porque conseguiu formar-se, arranjou emprego e pediu crédito.
www.ombembwa.blogspot.com | Gociante Patissa, Aeroporto Internacional da Catumbela 13 Maio 2013

sábado, 21 de outubro de 2017

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

No dia em que os noticiários propagaram a nomeação do comunicólogo Celso Malavoloneke (CM) para o cargo de Secretário de Estado do Ministério da Comunicação Social (cargo equivalente a vice-ministro), sua excelência eu "embrulha" os parabéns na memória deste encontro que "se dei" com a excelência dele ali pelas bandas do São Paulo, em Luanda, no 31-08-2016. CM junta-se, assim, ao jornalista e escritor João Melo, recém-nomeado Ministro da Comunicação Social, cujo perfil reacende a esperança de se introduzir uma reformulação dos conteúdos e postura dos órgãos de comunicação social públicos. Católico fervoroso e antigo quadro das nações unidas, fora a passagem recente por distintos sectores do governo enquanto assessor, tem um sobrenome proverbial que na língua Umbundu significa Filhos do Tempo, o que pode tanto ser interpretado como alguém que persevera a meio a turbulências da vida ou então, num prisma diferente, alguém cujos caminhos residem no enigma do tempo. Estamos a falar de Malavoloneke (assim grafado mas para se ler /mã-lã-vo-lo-ne-ke/), sobrenome entretanto lido (no som ruidoso da já habitual tendência aportuguesadora dos nossos locutores) como /mala-vo-lo-ne-ke/ (quando na verdade nada tem que ver com malas, mas sim mãlã, significa filhos). Quanto ao kapedido, que não é original, é só não colocar fora da agenda a idosa esperança de abertura da Rádio Ecclesia em Benguela, que mais tarde se reinventou como Diocesana, ya? Ainda era só isso. Obrigado hahaha
www.angodebates.blogspot.com  

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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